SECA EM PORTUGAL
Portugal está há seis meses em situação de “seca severa e extrema”. O alerta foi lançado a 17 de novembro pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), num comunicado onde se explica que o valor médio de precipitação está “muito inferior ao normal”. A 15 de novembro cerca de 6% do território de Portugal continental estava em seca severa e 94% em seca extrema, alerta o IPMA.
“Quase todo o território está há cerca de cinco a seis meses consecutivos em situação de seca severa e extrema, não se tendo verificado um desagravamento no início do outono como seria normal e se tem verificado em outras situações de seca”, indica o IPMA, no mesmo comunicado. O instituto baseou-se no índice meteorológico de seca PDSI, que indicava “um aumento da área em situação de seca extrema em todo o território de Portugal continental” a 15 de novembro. “A 15 de novembro cerca de 6% do território estava em seca severa e 94% em seca extrema”, lê-se no comunicado. Segundo o documento, entre 1 e 15 de novembro, o valor médio da quantidade de precipitação em Portugal continental foi muito inferior ao normal e corresponde a apenas 24% do valor médio mensal. Esclarecia ainda que grande parte das regiões do interior e da região Sul de Portugal continental, apresentavam “valores de água no solo inferiores a 20%”, sendo mesmo “em alguns locais próximos ou iguais ao ponto de emurchecimento”. Nas regiões do litoral Norte e Centro os valores variavam em geral entre 20 a 60%.
SECA EM PORTUGAL
Portugal está há seis meses em situação de “seca severa e extrema”. O alerta foi lançado a 17 de novembro pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), num comunicado onde se explica que o valor médio de precipitação está “muito inferior ao normal”. A 15 de novembro cerca de 6% do território de Portugal continental estava em seca severa e 94% em seca extrema, alerta o IPMA.
“Quase todo o território está há cerca de cinco a seis meses consecutivos em situação de seca severa e extrema, não se tendo verificado um desagravamento no início do outono como seria normal e se tem verificado em outras situações de seca”, indica o IPMA, no mesmo comunicado. O instituto baseou-se no índice meteorológico de seca PDSI, que indicava “um aumento da área em situação de seca extrema em todo o território de Portugal continental” a 15 de novembro. “A 15 de novembro cerca de 6% do território estava em seca severa e 94% em seca extrema”, lê-se no comunicado. Segundo o documento, entre 1 e 15 de novembro, o valor médio da quantidade de precipitação em Portugal continental foi muito inferior ao normal e corresponde a apenas 24% do valor médio mensal. Esclarecia ainda que grande parte das regiões do interior e da região Sul de Portugal continental, apresentavam “valores de água no solo inferiores a 20%”, sendo mesmo “em alguns locais próximos ou iguais ao ponto de emurchecimento”. Nas regiões do litoral Norte e Centro os valores variavam em geral entre 20 a 60%.
Outubro: o mais quente em 87 anos Já num comunicado emitivo a 31 de outubro, o IPMA apresentava aquele mês como tendo sido o “outubro mais quente dos últimos 87 anos (desde 1931), com o valor médio da temperatura média do ar cerca de 3°C acima do valor normal”. O calor anormal para a altura do ano levou a que este outubro, em Portugal Continental, tivesse sido “extremamente seco e excecionalmente quente”. Os novos recordes de temperatura máxima e mínima fizeram-se sentir particularmente no dia 15, com grande parte do território a registar temperatura máxima de 30 °C e até de 35 °C. A seca extrema levou já vários municípios a avançarem com medidas de redução de gasto de água (ver página 3). Quando ao Governo central, a informação é da que o racionamento de água é uma hipótese que ministro do Ambiente não pondera, para já. “A decisão é sempre da autarquia” e trata-se de uma decisão sobre a qual o Governo tem “quase a certeza” de que não vai ser necessária, afirmou João Matos Fernandes, acrescentando que “as medidas de racionamento (de água) estão no fim do fim da linha e não faz nenhum sentido pensar nelas agora”. “Estamos a fazer tudo para que a água nunca falte, em conjunto com as autarquias, e o que é fundamental é as pessoas pouparem água”, disse ainda. Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, publicada no jornal “I”, em que admite o racionamento de água à noite, o ministro disse tratar-se de uma “hipótese teórica”. “Não é esse o nosso caminho”, afirmou, esclarecendo também, caso a medida tenha de avançar, “não é o Governo que raciona”. “A decisão é sempre da autarquia”, frisou o ministro. Mas se, para já, não pondera o racionamento, o minsitro do Ambiente admite porém que o preço da água pode vir a subir, garantindo que as tarifas se vão manter no próximo ano, porque “já estão aprovadas”. À margem da conferência anual do BCSD - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável Portugal, realizada a 23 de novembro, João Matos Fernandes disse aos jornalistas que “é fundamental falar em eficiência hídrica, e o preço é um fator quando se fala em eficiência”. O ministro lembrou que “as tarifas de 2018 já estão aprovadas”, mas que é preciso repensar o seu preço “em tempos de escassez”. “Nos últimos anos tem-se falado muito em eficiência energética, este é o tempo de percebemos que tem se de falar de eficiência hídrica”, sublinhou o governante, lembrando que o país vive tempos de escassez e que “não há maneira de produzir mais energia”. Portugal a ficar como Marrocos ou Tunísia… O avanço do deserto nos países do norte de África leva a que Portugal comece a ter o clima de Marrocos, Argélia ou a Tunísia. O alerta é de Filipe Duarte Santos, professor e investigador da Faculdade de Ciências de Universidade de Lisboa e presidente do Conselho Nacional do Ambiente. O especialista falava recentemente numa mesa redonda sobre adaptação às alterações climáticas, realizada no âmbito de um Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento (ENEG 2017) que começou ontem em Évora com a presença de centenas de especialistas da área da água. “A mudança climática traduz-se pelo alargamento da zona climática tropical, o deserto está a ser empurrado para norte. É essencial no setor da água ter esta mudança climática em conta”, disse o especialista em alterações climáticas, admitindo que em Portugal, por ser um país muito antigo, não seja fácil às pessoas aceitarem que esse país está a mudar e que o clima muda. Filipe Duarte Santos alertou para o regadio, que, a médio e longo prazo pode não ser viável, e deixou uma sugestão: transferir os sobreiros para o norte do país. “O montado, diz a ciência, não sobrevive”, afirmou, considerando que não serão doenças mas a falta de água que o vai extinguir no Alentejo. Para manter a produção de cortiça, disse, “razoável era ajudar o montado a migrar em altitude e para norte”, até tendo em conta os locais que este ano foram afetados pelos incêndios, sugeriu.
Pouca eficácia em Portugal Já a investigadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Rafaela Matos, diz que a questão das alterações climáticas e ambientais, em termos gerais, é seguida de forma mais eficiente nos países escandinavos do que em Portugal, devendo em poucos anos Copenhaga tornar-se a primeira cidade neutra em carbono. “Na Dinamarca a sensibilização para questões ambientais começou muito mais cedo, a engenharia do ambiente existe há 150 anos”, disse, defendendo para Portugal a construção de consensos políticos a médio e longo prazo, o que a Dinamarca fez. Rafaela Matos defendeu a necessidade de melhorar as perdas de água e as taxas de reutilização, que “não orgulham”. No âmbito do ENEG 2017, Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara de Évora, preferiu uma visão global da questão, afirmando que perante um problema planetário e estrutural as respostas têm de ser planetárias e estruturais, porque não se resolvem a nível autárquico ou a nível nacional, o que não significa que as autoridades locais não possam ter um papel na resolução de problemas. Jorge Vazquez, administrador da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA), entidade que está a promover mais 50 mil hectares de regadio, deu como exemplo a importância da estrutura do Alentejo para todo a região e país. E disse que o regadio é um instrumento de ordenamento do território, e que a “agricultura para ser competitiva tem de ser de regadio”, ou que o regadio “é incontornável” na resposta à pergunta de se justificar ou não continuar a regar em situações cada vez mais graves de seca. “Se Portugal não armazenar e economizar para a usar no verão não é a agricultura que está em causa, é a sobrevivência do país”, disse, acrescentando que é necessário um bom ano hidrológico para encher Alqueva, lamentando que em anos em que choveu muito não se tivesse “outro Alqueva”.Já num comunicado emitivo a 31 de outubro, o IPMA apresentava aquele mês como tendo sido o “outubro mais quente dos últimos 87 anos (desde 1931), com o valor médio da temperatura média do ar cerca de 3°C acima do valor normal”. O calor anormal para a altura do ano levou a que este outubro, em Portugal Continental, tivesse sido “extremamente seco e excecionalmente quente”. Os novos recordes de temperatura máxima e mínima fizeram-se sentir particularmente no dia 15, com grande parte do território a registar temperatura máxima de 30 °C e até de 35 °C. A seca extrema levou já vários municípios a avançarem com medidas de redução de gasto de água (ver página 3). Quando ao Governo central, a informação é da que o racionamento de água é uma hipótese que ministro do Ambiente não pondera, para já. “A decisão é sempre da autarquia” e trata-se de uma decisão sobre a qual o Governo tem “quase a certeza” de que não vai ser necessária, afirmou João Matos Fernandes, acrescentando que “as medidas de racionamento (de água) estão no fim do fim da linha e não faz nenhum sentido pensar nelas agora”. “Estamos a fazer tudo para que a água nunca falte, em conjunto com as autarquias, e o que é fundamental é as pessoas pouparem água”, disse ainda. Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, publicada no jornal “I”, em que admite o racionamento de água à noite, o ministro disse tratar-se de uma “hipótese teórica”. “Não é esse o nosso caminho”, afirmou, esclarecendo também, caso a medida tenha de avançar, “não é o Governo que raciona”. “A decisão é sempre da autarquia”, frisou o ministro. Mas se, para já, não pondera o racionamento, o minsitro do Ambiente admite porém que o preço da água pode vir a subir, garantindo que as tarifas se vão manter no próximo ano, porque “já estão aprovadas”. À margem da conferência anual do BCSD - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável Portugal, realizada a 23 de novembro, João Matos Fernandes disse aos jornalistas que “é fundamental falar em eficiência hídrica, e o preço é um fator quando se fala em eficiência”. O ministro lembrou que “as tarifas de 2018 já estão aprovadas”, mas que é preciso repensar o seu preço “em tempos de escassez”. “Nos últimos anos tem-se falado muito em eficiência energética, este é o tempo de percebemos que tem se de falar de eficiência hídrica”, sublinhou o governante, lembrando que o país vive tempos de escassez e que “não há maneira de produzir mais energia”. Portugal a ficar como Marrocos ou Tunísia… O avanço do deserto nos países do norte de África leva a que Portugal comece a ter o clima de Marrocos, Argélia ou a Tunísia. O alerta é de Filipe Duarte Santos, professor e investigador da Faculdade de Ciências de Universidade de Lisboa e presidente do Conselho Nacional do Ambiente. O especialista falava recentemente numa mesa redonda sobre adaptação às alterações climáticas, realizada no âmbito de um Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento (ENEG 2017) que começou ontem em Évora com a presença de centenas de especialistas da área da água. “A mudança climática traduz-se pelo alargamento da zona climática tropical, o deserto está a ser empurrado para norte. É essencial no setor da água ter esta mudança climática em conta”, disse o especialista em alterações climáticas, admitindo que em Portugal, por ser um país muito antigo, não seja fácil às pessoas aceitarem que esse país está a mudar e que o clima muda. Filipe Duarte Santos alertou para o regadio, que, a médio e longo prazo pode não ser viável, e deixou uma sugestão: transferir os sobreiros para o norte do país. “O montado, diz a ciência, não sobrevive”, afirmou, considerando que não serão doenças mas a falta de água que o vai extinguir no Alentejo. Para manter a produção de cortiça, disse, “razoável era ajudar o montado a migrar em altitude e para norte”, até tendo em conta os locais que este ano foram afetados pelos incêndios, sugeriu.
Pouca eficácia em Portugal
Já a investigadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Rafaela Matos, diz que a questão das alterações climáticas e ambientais, em termos gerais, é seguida de forma mais eficiente nos países escandinavos do que em Portugal, devendo em poucos anos Copenhaga tornar-se a primeira cidade neutra em carbono. “Na Dinamarca a sensibilização para questões ambientais começou muito mais cedo, a engenharia do ambiente existe há 150 anos”, disse, defendendo para Portugal a construção de consensos políticos a médio e longo prazo, o que a Dinamarca fez. Rafaela Matos defendeu a necessidade de melhorar as perdas de água e as taxas de reutilização, que “não orgulham”. No âmbito do ENEG 2017, Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara de Évora, preferiu uma visão global da questão, afirmando que perante um problema planetário e estrutural as respostas têm de ser planetárias e estruturais, porque não se resolvem a nível autárquico ou a nível nacional, o que não significa que as autoridades locais não possam ter um papel na resolução de problemas. Jorge Vazquez, administrador da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA), entidade que está a promover mais 50 mil hectares de regadio, deu como exemplo a importância da estrutura do Alentejo para todo a região e país. E disse que o regadio é um instrumento de ordenamento do território, e que a “agricultura para ser competitiva tem de ser de regadio”, ou que o regadio “é incontornável” na resposta à pergunta de se justificar ou não continuar a regar em situações cada vez mais graves de seca. “Se Portugal não armazenar e economizar para a usar no verão não é a agricultura que está em causa, é a sobrevivência do país”, disse, acrescentando que é necessário um bom ano hidrológico para encher Alqueva, lamentando que em anos em que choveu muito não se tivesse “outro Alqueva”.